Kari Vieira

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Rio de Janeiro , RJ, Brazil
Ôdekasa, é uma mania regional das pessoas baterem à porta das casas para pedirem informações... São peculiaridades dos "mineiros",das pessoas do interior, das pessoas simples e bem chegadas... O meu Ôdekasa é isso! Chegue mais, com um sorriso no rosto, a paz do interior, o jeito humilde e prestativo de lhe servir uma caneca de café, uma broa de milho, ouvir histórias, músicas, andar com pés no chão, e com uma ternura no olhar sempre! Toc Toc Toc... ÔdeKasa ! Sejam sempre bem vindos!

5 de novembro de 2014

Renascendo quantas vezes for necessário...





 Por MARTHA MEDEIROS, em 02/11/2014:
"Um dos meus textos mais conhecidos chama-se A morte devagar, que publiquei na véspera de Finados de 2000 e que logo ganhou o mundo com o título Morre Lentamente. No início foi equivocadamente atribuído a Pablo Neruda, por isso o espalhamento e seu sucesso. Passado tanto tempo, já me devolveram a autoria e hoje esse texto virou canção na França e entrou no roteiro de um filme italiano - sem falar nas traduções para o espanhol, que alguns desconfiados ainda acreditam ser seu idioma de origem.
Na época, aproveitando a proximidade do Dia dos Mortos, escrevi puxando as orelhas (não os pés) daqueles que morrem em vida: os que evitam o risco, a arte, a paixão, o mistério, as viagens, as perguntas – apenas atravessam os dias respirando.
Hoje, neste dia de Finados, 14 anos depois, reitero: não morra lentamente. Morra rápido, de uma vez só, sem delongas. Morra quantas vezes for necessário.
Quando fiz meu mapa astral, ouvi da astróloga: “Você tem dificuldade de lidar com ambivalências, gosta das coisas esclarecidas, para o bem ou para o mal”. E ela concluiu: “Morrer é algo que você faz bem, ficar em banho-maria, não”.
Sombrio? Soturno? Ao contrário. Entendi com clareza sobre o que ela falava. Morte é a antessala da luz. Não a morte definitiva, que encerra o assunto, mas as diversas mortes em vida, os vários falecimentos a que somos submetidos. É preciso morrer bem enquanto se vive.
Cada final de amor é uma pequena morte, por exemplo. Morre lentamente quem fica alimentando fantasias de retorno, planejando vinganças, cultivando lembranças com naftalina. Sei que dói, mas não deixe esse amor definhando na UTI, dê logo a extrema-unção, acabe com isso, morra rápido, morra de vez, para que possa renascer ligeiro também.
Finais de carreira, finais de amizade, finais de ciclo: mortes que acontecem aos 30, aos 40 anos, em qualquer idade. Dói, dói demais, não estou negando a dor, mas o que você prefere? As dúvidas, as ilusões, o apego? Prefere a sobrevida a uma vida nova? Confie na experiência de quem já se enterrou algumas vezes. Morra. Morra bem morrido, baby.
Final de juventude, final da faculdade, final de uma viagem de intercâmbio: vai ficar agindo como se tivesse 18 anos para sempre? Mate o garoto, renasça adulto.
A morte daqueles que amamos é trágica, mas nossa própria morte, não. Ela é uma contingência de nossa longa existência, e essa não é uma frase cínica, simplesmente é assim. Nossos sonhos morrem. Nosso passado morre. Nossas crenças, nossas fases. Fazer o quê? Morra bem. Morra com categoria. Com dignidade. O menos lentamente possível. Morra de morte bem arrematada, uma, duas, três mil vezes, morra em definitivo sempre que for exigido, para sobrar tempo.
Tempo pra vida em frente."





1 de novembro de 2014

Sim, feliz!

Estou desconfiada de que a gente cresce quando começa a aprender, com o sentimento, muito além da retórica, a não permitir que uma desilusão ou outra nos afaste de nós mesmos e nem dos nossos sonhos mais bonitos. Estou desconfiada de que a gente cresce quando é capaz de entender que estar vivo é perigoso, sim, é trabalhoso, sim, mas também é uma oportunidade rara e imperdível. 
Que há que se pagar o preço, se a ideia é ser feliz e inteiro (…)


Que todo mundo tenha… O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança.

— Ana Jácomo.